Na escola sabemos bastante de horizontes.
Todos conhecemos essa linha aparente que separa o céu da terra, um ponto
indefinido e sempre distante que se move à medida que nos deslocámos.
Quando olhamos pode ser um pouco frustrante, algo assim como nunca acabar de
chegar.No longe da planície, onde cada tarde observamos o arrebol do sol e o
voo festivo das águias, há um mundo de sonhos que nos mostra o autêntico
sentido da vida.. Essa ilusão visual e longínqua acaba sempre por se pôr no
fundo do nosso olhar. Por isso o horizonte, se espreitamos atentamente,
devolve-nos cada manhã o espelho em que nos reconhecemos. Sobre nós, trôpegos
patos de granja e de voo curto, voa por vezes um bando de patos selvagens e,
como num conto, algo se aplana nesse horizonte do nosso ser donde se esconde o
melhor de nós mesmos. Não é fácil dar um nome a todos esses sentimentos, mas
possivelmente são uma mistura de admiração e nostalgia, de dor, raiva e
alegria, de orgulho por eles e mal-estar por nós próprios e pelas nossas asas tão
atrofiadas.
Porquê o titulo Horizontes?
Vem-me à memória aquela estrofe de Frenando
Pessoa, do poema "Horizonte", na Mensagem:
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da verdade.
J. Torres
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