A brisa ligeira alivia
Qualquer promessa.
Besta quadrada ou
esférica,
Ignorante ou estéril,
Eu as sou todas e delas
serei. Fértil.
A brisa inaudível corta
O silêncio que nos grita
E forma o fôlego.
Folgo do luto audaz
E mordaz que lhe silencia.
Morto, e mofo.
A brisa passageira não
Tem ponta e ponto
Por onde se pegue.
Tentativa a que lhe segue,
E ainda tateiam o cérebro.
Que me precede.
Ligeira ou inaudível,
Passageira ou verosímil,
A brisa alivia qualquer
promessa;
Eterna ou perene. Sem medo
ou inerte.
Afinal, eu as sou todas e
delas serei.
Espero-te, assim, no Céu
que nos aguarda.
Mas se, porventura, a
brisa se fizer
Tormenta ou mar que nos
cala,
Lembra-me da brisa que se
Avista e em si te cria
como
A brisa e insígnia que és:
Ligeira, inaudível e
passageira.
Bernardo Correia
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